Episódio
17: Tempo para as coisas se acertarem
Durante
a manhã, Cyrus, Sophia e Gerárd estão se preparando para partir.
― Vou lá fora conversar com Makal sobre o
transporte, pois não sei se eles podem me levar a minha vila. ― Diz Cyrus
terminando de arrumar-se.
― Tudo bem, Cyrus, enquanto isso, eu usarei
esse tempo para conversar umas coisas com Sophia. ― Reponde Gerárd calmamente.
Após
Cyrus sair, Gerárd se vira para Sophia.
― Sophia, minha filha, eu preciso ir a outro
lugar agora e, infelizmente, não voltarei a Tarond e, ― Diz Gerárd olhando seriamente para sua filha. ― como
não quero que volte sozinha, por ser muito perigoso, vou pedir a Cyrus que a
leve com ele para a vila dele e, após ele resolver o que tem para resolver lá,
ele a leva para a vila e nos encontramos lá. Sei que nunca a deixei que fosse a
um local desconhecido sozinha e sem ninguém conhecido, mas agora o farei por se
tratar de uma emergência. ― Diz Gerárd com certo pesar.
― E
como tem tanta certeza que Cyrus irá concordar com isso, papai? E por que não
vai voltar para a aldeia? ― Indaga Sophia. ― Cyrus parece estar com pressa e
parece que não vai sair logo da sua aldeia, sinto como se algo muito sério
estivesse acontecendo em sua aldeia. ― Diz Sophia com certa tristeza.
―
Olha só... ― Brinca Gerárd. ― Se acha isso, então deve ir com ele e fazê-lo
companhia para poder consolá-lo. ― Aproxima-se da filha e acaricia seu rosto. ―
Não se preocupe, Cyrus preocupa-se com você da maneira que preocupa-se com ele.
E, quanto aonde vou e o que vou fazer, desculpe, mas não posso falar sobre.
―
Papai... ― Surpresa, Sophia afasta-se de Gerárd e vai até a varanda que existe
no quarto em que estão.
Antes
que pudesse continuar o que ia falar, Cyrus entra no quarto dizendo que
conseguiu um transporte para voltar para a sua cidade e que sairá em uma hora,
pois havia preparações para serem feitas para essa viagem.
―
Cyrus, poderia levar Sophia contigo? Sei que você não dará muita atenção a ela
por conta do motivo que o está levando as pressas a Dyor, ― Diz Gerárd olhando seriamente para Cyrus. ― mas eu preciso
ir a um local urgentemente e não quero que Sophia volte sozinha para a Tarond e acho melhor que ela vá com
você e, quando tudo se acertasse lá, você poderia levá-la a nossa vila.
― Certo
senhor Gerárd, ― Diz Cyrus meio desconfiado, mas concorda com um sorriso. ―
existe sim uma vaga para a Sophia e pode deixar que a levarei quando as coisas
se resolverem por lá. ― Comenta Cyrus mudando a expressão para certa tristeza.
― O senhor sabe que a situação não é das melhores e talvez demore um pouco, mas
pode deixar que eu a levarei assim que puder. Vamos Sophia, daqui a pouco
partiremos.
―
Obrigado, Cyrus, é a segunda vez que ajuda minha filha, não sei nem como
agradecê-lo. ― Diz Gerárd aproximando-se de Cyrus e apertando sua mão.
―
Não precisa agradecer, sei que tem algo muito sério para resolver e que não
quer pôr sua filha em perigo. ― Diz Cyrus retribuindo o sorriso e com uma
expressão de confiança. ― Espero que o senhor fique bem e nos encontremos logo.
Após
acabar de falar, Cyrus faz sinal para Sophia e ambos saem do quarto e Sophia
olha para Cyrus e dá um leve sorriso enquanto sai em sua frente.
Após
saírem de dentro do prédio, encontram a carruagem que ia levá-los a Dyor e os dois entram e partem logo em
seguida despedindo-se de Gerárd com um aceno de mão e sorrisos nos rostos.
― Makal,
poderia me preparar um transporte para a capital? ― Diz Gerárd após Cyrus e
Sophia saírem de vista. ― Algo está para acontecer e nós teremos que resolver
isso logo. ― Comenta Gerárd com certa preocupação no rosto.
―
Gerárd, meu jovem, cuidado para não virarem os vilões dessa vez. ― Comenta
Makal olhando fixamente para Gerárd. ― Vocês deveriam tomar cuidado com suas
atitudes, vocês não são mais aqueles jovens e precisam tomar cuidado para não
pôr seus interesses sobre o interesse comum e tornarem-se tiranos. O poder
corrompe Caçador Branco, não deixe
seus interesses particulares tomarem conta das suas atitudes.
Após
acabar de falar, um silêncio tomou conta do lugar e uns minutos depois, o
transporte de Gerárd chegou e ele partiu em direção à capital e Makal observava
sua carruagem sumir de vista.
― Os
sete terão que tomar uma decisão muito importante a partir de agora, antes que se
tornem os opressores, ao invés dos salvadores. ― Comenta Makal preocupado.
Enquanto
isso, Edward acorda e, após despertar, nota que está em seu quarto no castelo
de Elisa. Ele está com dor de cabeça e estava vestindo uma roupa simples, uma
camisa e uma calça branca de algodão. Quando se recupera um pouco da dor de
cabeça, ele se senta na cama e começa a pensar sobre o que aconteceu em Fhoreos e percebe que foi de
pouquíssima ajuda e que, apesar de ter evoluído bastante, não foi o suficiente
para derrotar Fhoreos e começou a se sentir mal por ser tão inexperiente.
Entretanto, começa a ouvir vozes que cortam seus pensamentos e levanta-se, sai
do quarto devagar para saber o que exatamente essas vozes estão conversando.
Quando sai do quarto, reconhece as vozes como sendo de Galadorf e Richard e vai
andando até antes das escadas para ouvir o que falam sem ser visto.
― Velho, o que faremos agora? Falhamos
miseravelmente em conseguir conquistar Fhoreos
e agora as coisas se complicarão! ― Diz Richard com a voz trêmula, mostrando
demasiada preocupação. ― Você sabe que precisamos dos Silvers, com eles,
certamente atingiremos nossos objetivos e você sabe que estou certo. ― Completa
Richard elevando o tom de voz.
―
Acalme-se, garoto, ― Diz Galadorf demonstrando firmeza. ― temos algo muito
melhor que os Silvers e que desabrochará em breve, basta que tenhamos
paciência. ― Completa Galadorf mantendo a serenidade.
―
Não sei como acredita em um absurdo desses! ― Se exalta Richard e começa a
afastar-se lentamente. ― Realmente, agora entendo porque Elisa não ouve tudo o
que você fala, você espera demais, mesmo quando sabe que estamos lutando contra
o tempo. ― Diz Richard afastando de Galadorf na direção oposta as escadas.
―
Você e Elisa são muito imediatistas, ― Diz Galadorf subindo as escadas devagar.
― por isso, que ela ainda não superou aquele homem.
Enquanto
Galadorf sobe as escadas, Edward volta para seu quarto, de modo que o velho
Galadorf não desconfie de nada. Depois de fechar a porta do quarto
cuidadosamente, ele senta na cama, mais confuso do que nunca e percebe que não
entende nada e que ouvir a conversa dos dois não esclareceu nada, apenas o
deixou mais confuso e que mais do que nunca precisa de Elisa para
aconselhar-lhe e explicar-lhe o que está acontecendo. Sentindo-se impotente
sobre tudo, Edward põe as mãos no rosto sem parar de tremer, começa a ter
pensamentos de medo e que deve desistir disso tudo. Todavia , ele lembra do que
prometeu a Elisa e que precisa continuar por ela e pelos gêmeos e percebe que
não confia completamente em Richard e não tem certeza se ele cuidará das
crianças. Assim, decidido a ter respostas, Edward vendo que não terá Elisa para
sempre a seu lado e que precisa saber como sobreviver sozinho, levanta-se, toma
um banho rápido, pondo a mesma roupa, e decide procurá-las na biblioteca.
Quando desce à sala de estar, encontra Richard sentado no sofá.
―
Bom dia, Richard. ― Diz Edward passando por Richard. ― Obrigado pela ajuda em Fhoreos e desculpe por não fazer mais.
― Diz Edward cabisbaixo.
― Não preciso se preocupar, moleque, ― Diz
Richard sorrindo forçadamente. ― eu também falhei, então, não tenho moral
alguma para criticar-lhe. ― Termina de falar deitando no sofá.
Chegando
a biblioteca, ao se deparar com todos aqueles livros, escolhe, aleatoriamente,
a primeira estante da esquerda para a direita e pega seis livros e dirigi-se a
mesa no final biblioteca, no lado oposto a entrada, para começar a estudar.
―
Ajudarei-o mostrando-lhe os livros corretos para seus estudos, Ed. ― Diz Elisa
baixinho colocando uns dez livros sobre a mesa que Edward está estudando. ―
Quando acabar com esses, acrescentarei mais para seu estudo e compreensão. Não
lhe esconderei mais nada, você é inteligente e precisa entender o que o cerca.
― Completa dando um leve sorriso e desaparecendo.
Edward
começa a estudar e aprender sobre o mundo mágico e misterioso desconhecido aos
humanos “comuns”. Entretanto, ele mesmo não conhecia quase nada desse mundo e
estava ficando maravilhado com o que aprendia nos livros e não sabia quanto
tempo ficou lá, mergulhado nos livros, só via que dormia e acordava sobre eles
várias vezes, sem perceber que a pilha de livros só aumentava. Diferente de
quando Elisa lhe explicava durante a viagem, ele entendia melhor cada palavra e
cada verso presentes nos livros, teoria da magia, círculos mágicos, criaturas
mágicas, objetos mágicos e coisas assim, tudo estava sendo mais bem
compreendido quando estava apenas ele e os livros. Era como se estivesse estudando
cartografia ou lendo um dos seus romances para melhorar seu vocabulário e
sair-se bem nas negociações que viria a executar quando estivesse a frente da
companhia de comercio. Diferente de Cyrus, ele entende melhor com os livros,
entende melhor estando sozinho, deixando que os livros o ensinem e permitam que
ele entenda cada pequeno detalhe que o mesmo deseja passar.
Após
passado algum tempo, o mesmo não sabia exatamente quando, percebe que está
rodeado de livros, com o cabelo bagunçado e a barba por fazer e, ao mesmo tempo
cansado e satisfeito, por ter aprendido muita coisa naqueles livros e que,
mesmo querendo ficar lendo mais, precisava saber como estavam os gêmeos, apesar
de ter esvaziado umas prateleiras, estava minimamente preparado para o que
estava por vir. Edward assusta-se quando vê a frente de todos os livros
espalhados, pela mesa e pelo chão, Elisa parada a sua frente, com um gracioso
sorrido e percebe que nunca a via sorrir daquele jeito.
―
Precisamos conversar, Ed. ― Diz Elisa sorrindo e achando engraçado como Edward
fica descuidado quando está focando nos estudos. ― Gostei de você agora, vamos precisamos nos
organizar e lhe deixar a par de algumas coisas.
―
Certo, mas eu poderia... Cuidar da minha aparência? ― Diz Edward meio sem graça
de estar todo largado, pois, apesar de ter banheiro na biblioteca, só parava
para as necessidades básicas e não via porque cuidar da aparência, visto que
tinha muito a estudar.
―
Não, não temos tempo. ― Diz Elisa cruzando os braços e tentando parecer
enérgica. ― Vamos?
―
Vamos. ― Diz Edward levantando e indo em direção a porta. ―A propósito, quanto
tempo passou desde que entrei na biblioteca?
―
Passaste um bom tempo aqui. ― Comenta Elisa pensativa. ― Acho que uns três
meses, quem sabe. Richard está furioso, disse que se não aprendeu nada,
devorará as suas tripas. ― Diz Elisa rindo.
Sem
ter o que falar, Edward continua o caminho para encontrar os outros e saber o
que Elisa tem a dizer.