Episódio 11: A Princesa e o Cavaleiro
Enquanto isso, nas ruínas, Elisa e Gerárd parecem estar sentindo algo estranho e Elisa aparenta estar apreensiva, como se estivesse, ao mesmo tempo, com medo do que pode acontecer e otimista para que seus planos deem certo.
— Me desculpe, senhorita Sorcier, mas percebo que estas bastante apreensiva e que, apesar de se esforçar para esconder tais emoções, elas transparecem pelo seu rosto. — Diz Gerárd tentando saber o que a aflige. — Existe algo que está escondendo que poderia se beneficiar sozinha de alguma forma?
— Não estou escondendo nada, todo esse nervosismo é porque anseio pelo retorno de Edward, pois, como já sabe, ele está me ajudando a recuperar meu corpo. — Tenta desconversar Elisa.
— Estranho, não me pareceu que estivesse tão preocupada com o senhor Lewis, afinal não demonstraste nenhum interesse em trazê-lo de volta quando viste a linha que vos unia e, ao contrário disto, estava apenas preocupado com a linha que a ligava a sei lá o que. — Questiona Gerárd a respeito das preocupações de Elisa.
— E você deveria parar de me julgar e me interrogar como se soubesse de tudo ou esqueceu que sou eu e meu amigo que estamos lhe ajudando a recuperar seu corpo? Se continuar me entupindo de perguntas e me enchendo de perguntas sem sentido, eu duvido que o Ed continuará a te prestar assistência. — Fala Elisa confiante de que tem a situação sobre controle.
— Hmph. Eu não estou dando a mínima se irão me salvar ou não, só acho inadmissível alguém bom como o senhor Lewis ser manipulado dessa forma por alguém que não se importa com nada nem ninguém além de si próprio. — Diz Gerárd começando a perder a paciência com o cinismo de Elisa.
Antes que Elisa pudesse fazer Gerárd perder mais um pouquinho da paciência, uma luz vinda do centro das ruínas lança algo para algum lugar e, proposital ou não, o círculo é desfeito e a linha que prendia Elisa a alguma coisa fora da barreira a puxa para algum lugar, deixando Gerárd, aparentemente, sozinho.
— Acho que não estou tão sozinho assim. — Diz Gerárd.
Nesse momento, começam a surgir vários Gor cercando a ruína.
Ao mesmo tempo, o homem mascarado se abaixa rápido, encosta as mãos no chão, murmura umas palavras e, magicamente, surge uma barreira de pedra cercando o acampamento.
— Acho que estamos seguros. — Diz o homem mascarado alerta ao que está do lado de fora. — Só não sei por quanto tempo.
E nesse momento, ele começa a escutar golpes sendo dados em diversas partes da barreira e começa a prestar atenção tanto nos inimigos que podem entrar, quanto em Edward que acha que ele é inimigo.
Uns minutos antes desses acontecimentos, encontramos no templo, Cyrus, o corpo possuído de Gerárd e o homem moreno que, por alguma razão, desejava matar a pessoa que possuía o corpo de Gerárd. E Sophia estava do lado de fora, pois Cyrus pedira que ela saísse do templo, porque ali ficaria perigoso. Ela se encontrava em um jardim decadente com árvores podres e ossos, tendo em sua posse a bola de cristal rachada e o bilhete dedicado a alguém.
— Aqui não se pode chamar de lugar seguro e agradável, mas estou melhor que ele lá dentro. — Diz Sophia sentada em um tronco. — Acho que vou usar esse tempo que ele me deu para analisar a carta que nem tivemos tempo de olhar.
Enquanto os três se encaravam no templo, Sophia começa a ler a carta e nela, encontra escrito:
Uma árvore nunca é apenas uma árvore
Pois essa, passou por incontáveis transformações
Assim como tudo nessa vida, se transforma
E até mesmo, os seres humanos, não escapam a essa regra
E se existir algo imutável
Nós ainda não fomos apresentados.
Uma poema falando da mudança, tudo que Sophia não esperava encontrar, ficou pensando sobre seu significado, mesmo ainda tendo outra frase adiante, sua curiosidade a faz querer ler a próxima frase para ver se faz algum sentido.
"Para alguns, a vida termina quando a matéria apodrece, todavia, haver-te-ão aqueles que encontrarão nessa matéria decadente, a renovação."
Antes que pudesse refletir sobre a frase que acabara de ler e tentasse fazer algum paralelo com o poema, ela vê a bola de cristal se envolvendo em raízes e os ossos afundando na terra. Sophia se levanta apressada e, ao chegar próximo ao portal, sente dores nas pernas, por não estar totalmente recuperada, e cai. Mesmo com a queda, ela consegue ver Cyrus e os outros dois olhando atônitos para o esqueleto que é envolvido por um casulo formado por raízes e o templo começa a se reconstruir sozinho. Neste momento, a porta se levanta e encaixa no portal, sozinha, fazendo com que Sophia role escada abaixo, onde a escada também se reconstruía. Quando chega a base da escada, Sophia percebe que os jardins estavam ganhando uma beleza incrível e que o caminho até o templo era formado por um corredor de árvores belíssimas. Depois de todo esse ambiente ser reavivado, uma luz chega ao templo e as portas se fecham. Agora, Sophia sem entender nada sentia um aperto, como se algo estivesse para acontecer a Cyrus.
— O que está acontecendo aqui? — Pergunta Cyrus vendo as transformações que não param de acontecer no templo. — Aposto que tem dedo de algum de vocês nisso.
— Calma, jovem. — Diz o homem moreno. — Da minha parte, pode ter certeza que nada disso aconteceria, se for culpar alguém, culpe o homem com a cara do Caçador Branco.
Quando Cyrus se vira para o homem com a cara de Gerárd para lhe perguntar o que está acontecendo, uma luz o atinge e seu corpo cai no chão. Em seguida, uma luz sai do homem moreno e o mesmo cai também. E Cyrus, com dificuldade, vai até a porta para sair do templo, mas a mesma, além de grande e pesada, parecia trancada. ele então senta de costas para a porta e espera o que acontecerá em seguida.
— Sophia! Está por aí? — Grita Cyrus. — Se estiver me ouvindo, vá procurar ajuda, tenho quase certeza que aqui não é um lugar tão seguro assim.
— Estou aqui sim e sei que não é mais tão seguro, mas não farei o que me pede, porque não sobreviveria a ataques dos minions, quem dirá de um Gor! — Diz Sophia em um tom repreensivo. — Fora que, além de termos que tirar você daí, temos que pensar em sua segurança, você está bastante ferido e cansado porque teve que me carregar durante um longo período de tempo.
— Você é mesmo idiota, né? Eu te salvei porque eu quis e não quero que se preocupe comigo, pense no seu pai que sofreria se você estivesse machucada? — Diz Cyrus não aceitando que Sophia use seu argumento contra ele mesmo. — Quando pedi que você saísse do templo, eu sabia que algo assim aconteceria e, desde o início eu estava disposto a encarar as consequências. Então, vá e procure por ajuda e depois volte para pegar o corpo do seu pai.
— Não, eu não vou. — Diz Sophia se encostando de costas para a porta. — Mudando de assunto, eu li a carta e achei o conteúdo confuso, porque tanto o poema quanto a frase, falam de transformação, mas de uma forma diferente. Mas, nem tive tempo de enfrentar aquelas palavras.
— Bom, eu não sou nada culto como você, mas acredito que palavras não são soldados que você combate e sim que estão ali para serem entendidas. — Diz Cyrus tentando tornar as coisas mais fáceis.
— Pode não ser culto, mas sabe sabe falar a coisa certa no momento certo. — Diz Sophia sorrindo. — Enquanto o poema falava que tudo estava em constante transformação e que talvez não pudéssemos encontrar algo que estivesse fora dessa regra, a frase falava que nem sempre a vida acaba quando a matéria definha, em alguns casos, ela pode dar uma nova vida a algo ou alguém. Assim sendo, eu acredito que a matéria podre e quase sem vida deu uma nova vida a esse lugar e a seu dono, então, se trouxéssemos alguém de volta a vida usando a energia dessa lugar, acredito que mataríamos esse lugar de novo. Sei que parece confuso, mas acho que pode funcionar.
— Eu, desde que entrei nessa floresta, não faço ideia de como funciona esse troço de magia e muito menos de trazer os mortos de volta. — Diz Cyrus se conformando com os fatos. — Mas se você diz que tem como, então poderemos trazer seu pai de volta, certo?
— Errado, porque ele não está exatamente morto. — Diz Sophia. — Mas, se o matarmos poderemos o trazer de volta.
— Nem vou perguntar como, apenas me diga o que fazer. — Diz Cyrus.
Voltando para algum lugar na floresta, encontramos o homem mascarado, cercados por vários Gor caídos, sentado em tronco de árvore esperando Edward acordar.
— E pensar que as coisas chegariam a esse ponto. — Diz o homem mascarado. — Só não entendo o que isso tem a ver com o caçador, a feiticeira e o cavaleiro.
Logo quando terminou de falar, o homem mascarado percebe Edward levantando de costas para ele e este começa a andar pela floresta. O homem observa o caminhar de Edward até perdê-lo de vista.
Enquanto caminha, Edward parece seguir uma rota onde não encontra inimigos e, ao mesmo tempo, a única coisa que parece vir a sua cabeça é uma voz feminina que, ele acredita ser de Elisa, mandando-o seguir para o objetivo, ordenando que destrua a qualquer custo quem tem o orb em sua posse. A voz ecoava em sua mente e o dominava, o transformando numa perfeita ferramenta. Depois de algum tempo, ele encontra o caminho das árvores e começa a caminhar até o templo.
Ao mesmo tempo, o homem moreno se levanta e começa a caminhar em direção à Cyrus.
— Sophia, o homem moreno está vindo em minha direção, acho que temos que adiar o plano se ele quiser lutar. — Diz Cyrus se levantando, mas permanecendo encostado no portão, mas preparando seu corpo para a batalha que pode ocorrer, mesmo que não esteja em condições de se envolver em uma.
— Cyrus, um homem também está vindo em minha direção, o que faço? — Diz Sophia também se levantando e encostando no portão.
— Se ele for hostil, reaja. — Diz Cyrus.
Edward e o homem moreno chegam ao mesmo tempo na porta e, ao encostarem na porta, Edward com sua mão esquerda e o homem moreno com a mão direita, as portas se abrem e Sophia e Cyrus se veem um de costas para o outro e de frente para Edward e o homem moreno, respectivamente. Após um tempo, o casulo de raízes se abre no centro e uma energia roxa se reúne ao lado de Edward que toma forma e se mostra ser Elisa. Um homem velho sai do casulo vestindo um manto preto e se aproxima do homem em um piscar de olhos.
— Prazer, meus jovens, meu nome é Fhoreos. — Diz o velho olhando para Cyrus, Edward e Sophia — E é um prazer rever a princesa e seu cavaleiro, o que pretendem fazer desta vez?
Fhoreos faz essa pergunta colocando as mãos no ombro do homem moreno e olhando fixamente para Elisa. Em uma questão de segundos, parece que Edward e o homem moreno começam a recuperar a consciência e Cyrus e Sophia não fazem ideia de como sair daquele clima pesado que, claramente, não tem nada a ver com eles.
— Não se preocupem, jovens, eu não tenho a intenção de lhes fazer nenhum mal. — Diz Fhoreos. — Agora, quanto a princesa e os cavaleiros, eu não posso dizer a mesma coisa.
— Senhor Fhoreos. — Diz Cyrus. — E quanto ao senhor que está ali caído, tem algo que possa
fazer?
Fhoreos olha para trás e vê o corpo de Gerárd.
— Bom, eu posso trazê-lo de volta se prometerem ir embora os três, combinado? — Propõe Fhoreos que Cyrus e Sophia levem Gerárd depois que ele ligar sua alma a seu corpo.
— E quanto a esses dois? — Cyrus perguntando sobre Edward e o homem moreno.
— Quanto aos TRÊS, eu terei um conversinha com eles. — Diz Fhoreos.
— Nós aceitamos. — Diz Sophia segurando a mão de Cyrus buscando confiança. — E não voltaremos aqui.
Depois que Sophia termina de falar, Cyrus fica um pouco sem graça por ela ter pego sua mão inesperavelmente. Ele assente com a cabeça para Fhoreos avisando que concorda também e o velho aponta mão em direção a Gerárd e uma energia começa a voltar para seu corpo, como se estivesse presa por uma corrente e , em seguida, envolve os três, Cyrus, Sophia e Gerárd, em um casulo de raízes e os manda para fora da floresta.
— Bom, agora que as interferências se foram, me diga: o que a princesa Elisa Sorcier veio fazer aqui e por que se encontra nessa forma? — Indaga Fhoreos.